Percurso Corpo|Território
09 Nov11:00
- 10 Nov11:00
Convento São Francisco
Público:
M/6
Preço:
Sessões
9 novembro | 11h00, 15h00 e 17h00
10 novembro | 11h00
A partir de dia 29 de outubro poderá previamente levantar o seu bilhete gratuito na Bilheteira do Convento São Francisco, diariamente, entre as 15h00 e as 20h00. Será permitido o levantamento de 2 bilhetes, por pessoa, mediante a lotação definida para o evento. Não são aceites reservas.
Este espetáculo está integrado na programação da 4ª edição do Festival e Laboratório Internacional de Artes Performativas Linha de Fuga 2024. Ao longo do mês de novembro, Linha de Fuga apresenta uma programação de espetáculos, performances, conversas e workshops que propõe "Enfrentar medos” como forma de chegar a uma sociedade mais harmoniosa e justa. Mais informações: www.linhadefuga.pt
As criações que se apresentam neste percurso site-specific são fruto do desafio lançado aos artistas que participaram na formação Corpo | Território, uma formação baseada na troca de práticas artísticas, de encontros e de experimentação que Linha de Fuga desenvolveu entre Outubro de 2023 e Junho de 2024.
Ao longo deste período, Linha de Fuga encontrou uma comunidade de artistas independentes na cidade e região interessados em desenvolver conexões entre os seus desejos enquanto criadores e o território. Este é o primeiro desafio que Linha de Fuga lança à comunidade de criadores locais: criações curtas em espaços não convencionais onde seja possível o estabelecimento de uma relação entre o tema desta edição e o território onde vivem. As três performances produzidas por Linha de Fuga serão apresentadas em espaços não convencionais em dias distintos e espaços distintos, no Convento São Francisco e na Baixa de Coimbra, propondo assim também às criadoras pensar a possibilidade de levar a sua mensagem e intenções artísticas a distintos lugares e públicos. As criações que fazem parte deste percurso são:
CÊ VÊ (25’)
performance de Jorgette Dumby (AO/PT)
A partir do seu texto "um país bronzeado repleto de pessoas racistas" (in Volta pra Tua Terra, ed. Urutau, 2022) Dumby pretende pontuar a forma como a sociedade lida com os corpos racializados, subjugando-os, desprovendo-os de valor e, numa tentativa de falsa inclusão, decide a forma como se devem apresentar.
Porque um cabelo encarapinhado é associado a uma incapacidade intelectual, mesmo quando o diploma diz o contrário? Com a crescente precarização da sociedade há corpos que nunca saem desse lugar e quando há uma crise crescente, também são esses mesmos corpos os primeiros a sentirem essa violência, vivendo o medo constante de nunca sair da precariedade.
Exercícios para subversões e inutensílios (25’)
palestra-performance de Keissy Carvelli (BR/PT)
Num mundo em que tudo tem que ser útil, esta palestra-performance busca, a partir da conceção da "inutilidade dispensável” do poeta, conceber um corpo-verbo tomado pela obsessão da pesquisa e da invenção como um meio de resistência à reificação do mundo. Possuída, paradoxalmente, pelo espirito do desdunde e pelo rigor do conhecimento histórico - comportamentos cultivados por uma galáxia de poetas performers entre tropicalistas, concretistas e marginais - esta performance parte da inquietação fundamental: poesia para quê? Para responder a tal questão, a criadora recolhe um planetário de vozes dissonantes, de manifestações artísticas e pensamentos teóricos que se manifestam como fonte de inspiração para a criação de um corpoceleste poético que provoca, questiona e teme o lugar do poeta no mundo contemporâneo – ser cuja existência nada produz além de palavras e pensamentos,esses inutensílios indispensáveis.
Rasgar a Noite (30’)
performance de Malu Patury e Thales Luz (BR/PT)
"Rasgar a Noite” é uma dança de mau agouro à própria dança e ao que nela resiste de misoginia estrutural, técnica e poética. É o presságio da morte de um corpo que busca romper com os movimentos automatizados decorrentes da organização da "supremacia” do olhar masculino. É uma arqueologia da carne com o ímpeto de resgatar um corpo capaz de criar outros movimentos que partam do corpo da mulher como agente de seu próprio desejo. É um esforço de liberação da exaltação da excelência do movimento feminino pela sua dor e submissão e constante aprisionamento a um estado contemplativo do belo transcendente. O que ressoa desses exercícios é um tipo de dança como o voo agourento de uma Rasga Mortalha irrompendo na noite, evocando o temível mistério de Ìyàmi, cuja origem cosmológica iorubá fundamenta o campo ancestral feminino amparado na multiplicidade espiritual brasileira.
Ficha Artística/Técnica
CÊ VÊ
Criação e interpretação: Jorgette Dumby
Produção: Linha de Fuga
Exercícios para subversões e inutensílios
Criação e interpretação: Keissy Carvelli
Operação câmara: Keissy Carvelli
Produção: Linha de Fuga
Rasgar a Noite
Conceção e interpretação. Malu Patury
Interlocução dramatúrgica. Thales Luz
Produção: Linha de Fuga
Agradecimentos: Keissy Carvelli, André Feitosa de Sousa
As criações que se apresentam neste percurso site-specific são fruto do desafio lançado aos artistas que participaram na formação Corpo | Território, uma formação baseada na troca de práticas artísticas, de encontros e de experimentação que Linha de Fuga desenvolveu entre Outubro de 2023 e Junho de 2024.
Ao longo deste período, Linha de Fuga encontrou uma comunidade de artistas independentes na cidade e região interessados em desenvolver conexões entre os seus desejos enquanto criadores e o território. Este é o primeiro desafio que Linha de Fuga lança à comunidade de criadores locais: criações curtas em espaços não convencionais onde seja possível o estabelecimento de uma relação entre o tema desta edição e o território onde vivem. As três performances produzidas por Linha de Fuga serão apresentadas em espaços não convencionais em dias distintos e espaços distintos, no Convento São Francisco e na Baixa de Coimbra, propondo assim também às criadoras pensar a possibilidade de levar a sua mensagem e intenções artísticas a distintos lugares e públicos. As criações que fazem parte deste percurso são:
CÊ VÊ (25’)
performance de Jorgette Dumby (AO/PT)
A partir do seu texto "um país bronzeado repleto de pessoas racistas" (in Volta pra Tua Terra, ed. Urutau, 2022) Dumby pretende pontuar a forma como a sociedade lida com os corpos racializados, subjugando-os, desprovendo-os de valor e, numa tentativa de falsa inclusão, decide a forma como se devem apresentar.
Porque um cabelo encarapinhado é associado a uma incapacidade intelectual, mesmo quando o diploma diz o contrário? Com a crescente precarização da sociedade há corpos que nunca saem desse lugar e quando há uma crise crescente, também são esses mesmos corpos os primeiros a sentirem essa violência, vivendo o medo constante de nunca sair da precariedade.
Exercícios para subversões e inutensílios (25’)
palestra-performance de Keissy Carvelli (BR/PT)
Num mundo em que tudo tem que ser útil, esta palestra-performance busca, a partir da conceção da "inutilidade dispensável” do poeta, conceber um corpo-verbo tomado pela obsessão da pesquisa e da invenção como um meio de resistência à reificação do mundo. Possuída, paradoxalmente, pelo espirito do desdunde e pelo rigor do conhecimento histórico - comportamentos cultivados por uma galáxia de poetas performers entre tropicalistas, concretistas e marginais - esta performance parte da inquietação fundamental: poesia para quê? Para responder a tal questão, a criadora recolhe um planetário de vozes dissonantes, de manifestações artísticas e pensamentos teóricos que se manifestam como fonte de inspiração para a criação de um corpoceleste poético que provoca, questiona e teme o lugar do poeta no mundo contemporâneo – ser cuja existência nada produz além de palavras e pensamentos,esses inutensílios indispensáveis.
Rasgar a Noite (30’)
performance de Malu Patury e Thales Luz (BR/PT)
"Rasgar a Noite” é uma dança de mau agouro à própria dança e ao que nela resiste de misoginia estrutural, técnica e poética. É o presságio da morte de um corpo que busca romper com os movimentos automatizados decorrentes da organização da "supremacia” do olhar masculino. É uma arqueologia da carne com o ímpeto de resgatar um corpo capaz de criar outros movimentos que partam do corpo da mulher como agente de seu próprio desejo. É um esforço de liberação da exaltação da excelência do movimento feminino pela sua dor e submissão e constante aprisionamento a um estado contemplativo do belo transcendente. O que ressoa desses exercícios é um tipo de dança como o voo agourento de uma Rasga Mortalha irrompendo na noite, evocando o temível mistério de Ìyàmi, cuja origem cosmológica iorubá fundamenta o campo ancestral feminino amparado na multiplicidade espiritual brasileira.
Ficha Artística/Técnica
CÊ VÊ
Criação e interpretação: Jorgette Dumby
Produção: Linha de Fuga
Exercícios para subversões e inutensílios
Criação e interpretação: Keissy Carvelli
Operação câmara: Keissy Carvelli
Produção: Linha de Fuga
Rasgar a Noite
Conceção e interpretação. Malu Patury
Interlocução dramatúrgica. Thales Luz
Produção: Linha de Fuga
Agradecimentos: Keissy Carvelli, André Feitosa de Sousa