Amizades, Um Mundo Extra-Muros - Marinah Raposo

Seguindo a proposta desenvolvida na última edição do Festival de apoio à criação local de performances site-specifi c, este ano Linha de Fuga lançou o desafio a curadores locais para pensar a cidade com criações de artistas locais. A proposta selecionada foi Amizades, Um Mundo Extra Muros, curadoria da luso-brasileira Marinah Raposo.
Este programa apresenta performances ressonantes da fragilidade ecológica contemporânea e da memória viva conimbricense. Tendo como ponto de partida a amizade da coabitação, o projeto curatorial reúne artistas sul-americanos residentes em Coimbra — Adrian Montenegro (Colômbia, 1986), Jorge Cabrera (Venezuela, 1964) e Malu Patury (Brasil, 1996) — propondo uma escuta ativa do território e reconhecendo o corpo como extensão sensível da paisagem. Em tempos de avanço do cimento e queda de árvores centenárias, mais do que ocupar espaços, os artistas propõem novas formas de habitá-los, evocando a urgência de pisarmos mais levemente na Terra. Busca-se reanimar as veias silenciosas da cidade por meio de um circuito a ser percorrido. O espectador é convidado a uma deriva não convencional que o conduz por novas ecologias de convivência.
As criações integradas nesta curadoria são:
5 Palíndromos (Socos, Asa, Ovo, Radar e Reviver), de Adrian Montenegro, 2025. Gesto poético-musical. 15min
Motivado pela noção de que cantar é um ato performático-poético ligado ao tempo presente, onde a palavra é musicalizada ao ser dita, o artista propõe cantar a partir de uma posição e relação com objetos simbólicos, onde o aparecer em cena é cerimonial, ritualístico, manifestante e lúdico.
No Claustro Há uma Montanha, de Jorge Cabrera, 2025. Ação site-specifi c. 20min.
O Claustro do Convento pode levar-nos a questionamentos sobre o que pode estar oculto sob a laje de concreto do chã o e como a montanha que se pretende levantar com esta performance, pode conectarmos à ideia de paisagem no lugar.
Um Mundo É Um Corpo, Um Corpo É Um Encontro, Um Encontro É Um Mundo, de Malu Patury, 2025. Dança coletiva. 20min.
Nesta performance-participativa, a artista-facilitadora convida o público a corporificar uma cartografia viva, através de propostas simples de interação, contato e composição de paisagens com o corpo.
Artistas
Adrian Montenegro é colombiano, procedente da cidade de Pasto (1986), que desde 2016 trabalha na Universidade de Nariño como professor de artes visuais na área de escultura contemporânea. Cria obras a partir de relacionamentos com lugares, materiais, pessoas e objetos onde o sentido do humor, a narrativa, memórias e experiências de vida são focos de conhecimento, pesquisa e reflexão.
Jorge Cabrera é artista venezuelano (1964) multidisciplinar, investigador e mediador de arte e educação. Trabalha com sujeitos, territórios e culturas em situação de periferia utilizando-se da arte e da educação. É doutorado em Arte Contemporânea pelo Colé gio das Artes, Universidade de Coimbra (2022) e Mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil (2011). Malu Patury é artista da dança, professora e pesquisadora, nascida no Rio de Janeiro (Brasil, 1996) e residente em Coimbra (Portugal). Com formação em dança clássica e danças de salão brasileiras, alia a prática artística a uma trajetória acadêmica em História, Antropologia da Dança/Etnocoreologia e Curadoria.
Malu Patury é artista da dança, professora e pesquisadora, nascida no Rio de Janeiro (Brasil) e residente em Coimbra (Portugal). Com formação em dança clássica e danças de salão brasileiras, alia a prática artística a uma trajetória académica em História, Antropologia da Dança/Etnocoreologia e Curadoria. Atualmente, além de dar aulas de dança, desenvolve projetos autorais e colabora em criações independentes, tendo muitas vezes como foco uma investigação que cruza corpo, género e relações coreográficas nas danças de par. Entre 2023 e 2024 fez parte da formação “Corpo-Território” promovida por Linha de Fuga. No ano seguinte, na 4ª edição do festival apresenta sua criação (em parceria com o artista Thales Luz), Rasgar a Noite – obra que reflete sobre a misoginia estrutural da dança.
Programação integrada no Festival Linha de Fuga - Festival e Laboratório Internacional de Artes Performativas. De 6 a 29 de Novembro de 2025, Linha de Fuga apresenta uma programação de espetáculos, performances, conversas e workshops que propõe explorar a "Performatividade da Amizade” como forma de resistência e construção de coletivo. Programação total disponível em www.linhadefuga.pt
Ficha Artística/Técnica
Curadoria: Marinah Raposo
Criações de: Adrian Montenegro, Jorge Cabrera e Malu Patury
Projeto selecionado no âmbito da open call de curadoria local, desenvolvido com a parceria do Convento São Francisco e do Teatro Académico de Gil Vicente