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Quaresma

13 Mai18:30
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Cinema e audiovisual

David é casado, tem uma filha pequena, e está a poucos dias de partir para o estrangeiro com a família. Mas com a morte do avô, ele tem ainda que regressar à terra, e ao seio de uma família com quem há muito não convivia. E uma viagem que era para durar o tempo de um funeral, acaba por transformar-se numa estadia de vários dias. Porque aí David conhece a mulher do seu primo, e vai-se deixando enredar no seu sortilégio de mulher perturbada mas encantadora.


Quaresma é um regresso às origens do realizador, à força granítica e à luz fria das paisagens da Serra da Estrela, assombradas pelo vento, e às ruínas da casa de família onde Morais passou a infância. Rima com Peixe Lua pela presença avassaladora de Beatriz Batarda (“queima o écran”, escreveu Mário Jorge Torres), mas é como que um reverso desse filme. O “excesso” aqui não é o dos Verões calientes do sul, é o de um amour fou, que pelo sufoco se abeira da loucura [Morais falava de “um filme sobre a necessidade de respirar (a necessidade e a dificuldade e a impossibilidade de respirar)].


— Medeia Filmes


 


Foi o primeiro realizador português a vencer o Leopardo de Ouro, prémio máximo do festival de Locarno, em 1987, com a sua primeira longa, O Bobo, filme mítico e fundacional. No início do ano, o festival de Roterdão exibiu a nova cópia restaurada na secção Cinema Regained. A sua obra é uma das mais ricas e mais originais da história do cinema português. Roubado prematuramente à vida quando tudo parecia finalmente encaminhar-se para filmar com mais regularidade, depois do encontro com o produtor Paulo Branco em Peixe Lua (2000), José Álvaro Morais desaparecia precocemente, aos 60 anos, no início de 2004, pouco depois da estreia de Quaresma (2003).

Os seus filmes foram recentemente restaurados pela Cinemateca Portuguesa e é altura de resgatar para as salas de cinema essa obra extraordinária, para que novos espectadores possam vê-la, tesouro redivivo a descobrir e discutir.