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As Armas e o Povo

Assinado pelo Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica, é um documento histórico inestimável, feito a quente e em cima do acontecimento por vários técnicos e realizadores portugueses. Uma obra incontornável do cinema militante europeu, As Armas e o Povo é também um manifesto sobre a relação entre cinema e política, não apenas como mero difusor dos acontecimentos, mas sobretudo como participante ativo do ato revolucionário. 


No dia 1 de maio de 1974, uma semana após a revolução de 25 de abril, dez equipas de cinema vieram para a rua com o intuito de cobrir a enorme manifestação que nesse dia teve lugar (tratava-se do primeiro 1 de maio comemorado em liberdade desde há muito), e que funcionou também como confirmação, se tal era ainda preciso, do sucesso do golpe que derrubara 48 anos de ditadura. A iniciativa do filme partiu do Sindicato Nacional de Profissionais de Cinema, que solicitara (ou exigira) ao IPC a criação de possibilidades que permitissem a essas tais dez equipas fazer um trabalho cuja importância histórica se afigurava inegável. Uma olhadela pela ficha técnica mostra imediatamente o poder mobilizador que a ideia exerceu, podendo dizer-se que a referida ficha constitui (quase) um “who’s who” do cinema português desses anos. A todos esses nomes portugueses juntou-se ainda o de Glauber Rocha, como que atestando o impacto e o interesse alcançados pela revolução portuguesa a nível internacional.

—Luís Miguel Oliveira / Cinemateca Portuguesa