Apresentação de dois Clássicos da Literatura Portuguesa em BD

A banda desenhada e a novela gráfica estreiam-se no «Depósito Legal: Novos Livros, Novas Leituras», um ciclo de programação da BGUC dedicado a obras recém-publicadas com o objetivo de promover o conhecimento de novas publicações no espaço público. Autores e autoras em diversos domínios da criação científica, literária e artística são convidados/as a falar sobre os seus livros.
A apresentação no dia 30 de outubro, terça-feira, pelas 18 horas, de dois Clássicos da Literatura Portuguesa em BD acontece com a colaboração da editora Levoir. Vamos falar sobre «Crónica D. João I» de Fernão Lopes e João Ramalho Santos, com ilustração de Filipe Abranches, e do 2.º volume de «Peregrinação», de Fernão Mendes Pinto e João Miguel Lameiras, com ilustração de Miguel Jorge.
A sessão decorre na Sala de São Pedro (2.º piso da BGUC), com entrada gratuita, mas sujeita a inscrição prévia para o email bg-eventos@bg.uc.pt ou para o formulário https://bit.ly/BGUC30-10-2024, devido à lotação limitada.
Crónica de D. João I de Fernão Lopes é o volume 9 da coleção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD, da Levoir e RTP. O argumento é de João Ramalho-Santos, Vice-Reitor para a Investigação da Universidade de Coimbra, a ilustração de Filipe Abranches, cuja vasta e muito heterogénea obra se encontra dispersa por títulos nacionais, mas também estrangeiros, editados em França e na Suíça. O dossier pedagógico é da autoria da Professora Mafalda Soares, Sorbonne Université, Paris.
A Crónica de D. João I foi escrita por Fernão Lopes, por volta de 1450, e constitui a terceira e mais perfeita das três grandes crónicas compostas pelo primeiro cronista régio. A primeira parte da crónica descreve a insurreição de Lisboa na narração célere dos episódios quase simultâneos do assassinato do conde Andeiro, do alvoroço da multidão que acorre a defender o Mestre e da morte do bispo de Lisboa. Ao longo dos capítulos, fundamenta-se a legitimidade da eleição do Mestre, consumada nas cortes de Coimbra, na sequência da argumentação do doutor João das Regras, enquanto desfecho inevitável imposto pela vontade da população. Nesta primeira parte, o talento do cronista na animação de retratos individuais, como os de D. Leonor Teles ou D. João I, excede-se na composição de uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro protagonista que influi sobre o devir dos acontecimentos históricos.
Tal como no primeiro volume o argumento é da responsabilidade de João Miguel Lameiras, a ilustração de Miguel Jorge e o dossier de Paulo Silva Pereira. Integrado na coleção Clássicos da Literatura Portuguesa que a Levoir e a RTP têm vindo a editar.
É, seguramente, um dos grandes clássicos da literatura de viagens. Editado pela primeira vez em 1614, tornou-se logo num sucesso editorial notável, sendo ainda hoje um dos livros portugueses mais traduzidos no mundo. E o caso não é para menos: trata-se de um relato excecional não apenas pelo seu inegável merecimento literário, mas também por constituir um documento histórico de incalculável valor para se conhecer a vida e os costumes dos povos orientais no século XVI, bem como os meandros da presença portuguesa na Ásia, descrita sem condescendências por Fernão Mendes Pinto.
A obra trata da chegada e da estadia de Fernão Mendes Pinto no Oriente, apresentando o relato das expedições dos descobridores e conquistadores portugueses. A imagem dos navegadores portugueses que perpassa nesta obra é sobretudo picaresca, assumindo-se como um anti-herói, capaz das piores façanhas para lograr os seus objetivos, geralmente pilhar e roubar as populações nativas para enriquecer e regressar à pátria no alto da penha.
Fernão Mendes Pinto (1510?-1583) nasceu em Montemor-o-Velho e faleceu em Almada. Pouco se sabe da vida real deste autor. Pensa-se que era um comerciante que negociava no Índico, entre o Japão, a Índia e a China. Regressou a Portugal por volta de 1557 e casou com D. Maria Correia Brito, instalando-se numa quinta do Pragal.