Recordações da Casa Amarela

Lisboa, 1989. Um pobre-diabo de meia-idade vive no quarto de uma pensão barata e familiar, na zona velha e ribeirinha da cidade.
Atormentado pela doença e por vicissitudes de ordem vária, o idiota, que se alimenta de Schubert e, quiçá, de uma vaga cinefilia como forma de resistência à miséria, é posto no olho da rua, após tentativa fruste contra o pudor da filha da dona da pensão.
Sozinho, e privado de quaisquer recursos, vê-se confrontado com a dureza do espaço urbano e é internado num hospício, de onde sairá por ponderada decisão de homem livre, para cumprir uma missão rica e estranha que lhe é indicada por um velho amigo, doente mental como ele: ‘Vai e dá-lhes trabalho!’
E aqui para nós, a rir a rir, algum tem dado — João César Monteiro
João César Monteiro nasce a 2 de fevereiro de 1939 e morre a 3 de fevereiro de 2003. Em 1963, com 15 anos, recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar cinema na London Film School. Dois anos depois regressa a Portugal para realizar o seu primeiro filme, Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço (1971). Atualmente, o seu trabalho como realizador tem sido objeto de estudo para portugueses e estrangeiros, críticos e académicos, que o reconhecem como um dos mais importantes realizadores portugueses juntamente com Manoel de Oliveira. Várias das suas obras são representadas e premiadas em festivais internacionais como o Festival de Cannes e o Festival de Veneza: Silvestre (1981) foi apresentado no Festival de Veneza, festival onde regressa com Recordações da Casa Amarela (1989) e ganha o Leão de Prata. Novamente em Veneza com A Comédia de Deus (1995) recebe o Grande Prémio Especial do Júri.