Peixe-Lua

Peixe Lua é já um filme da “outra banda”, a sul do Tejo e mais além, em busca de um barco de nome Zéfiro, prenda de noivado de João, e uma Andaluzia misteriosa, metafórica e poética (há um texto de Lorca que foi “pedra de toque” do filme) e como que continua os filmes anteriores do realizador, que sobre ele disse: “É um filme com personagens em desequilíbrio para a frente, uns mais enérgicos e outros mais preguiçosos. Que a meio parece transformar-se em road-movie mas que, afinal, volta ao ponto de partida. Aparentemente. É um filme de Verão, de Verões. Há duas épocas no filme, dois Verões separados por meia-dúzia de anos, os anos do fim da juventude, o tempo que os personagens levam a aperceber-se de que estão a ficar sós.”
— Medeia Filmes
 
Foi o primeiro realizador português a vencer o Leopardo de Ouro, prémio máximo do festival de Locarno, em 1987, com a sua primeira longa, O Bobo, filme mítico e fundacional. No início do ano, o festival de Roterdão exibiu a nova cópia restaurada na secção Cinema Regained. A sua obra é uma das mais ricas e mais originais da história do cinema português. Roubado prematuramente à vida quando tudo parecia finalmente encaminhar-se para filmar com mais regularidade, depois do encontro com o produtor Paulo Branco em Peixe Lua (2000), José Álvaro Morais desaparecia precocemente, aos 60 anos, no início de 2004, pouco depois da estreia de Quaresma (2003).
Os seus filmes foram recentemente restaurados pela Cinemateca Portuguesa e é altura de resgatar para as salas de cinema essa obra extraordinária, para que novos espectadores possam vê-la, tesouro redivivo a descobrir e discutir.