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25 de Abril no Caminhos: quatro filmes, quatro perspetivas

16 Nov14:39
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22 Nov18:30
Casa do Cinema de Coimbra, Teatro Académico de Gil Vicente
Cinema e audiovisual

No ano em que se assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos, o XXX Caminhos do Cinema Português dedica especial atenção à memória do 25 de Abril, presente em vários filmes da programação geral.



Numa sessão especial, extra-competição, «Ó Manel! Há uma revolução em Lisboa» (Tiago Cravidão, DOC, 35’, PRT, 2024) oferece um retrato único do 25 de Abril em Coimbra, através dos testemunhos de 13 mulheres, reconstrói-se o quotidiano daquela quinta-feira histórica de 1974, revelando como a vida comum foi interrompida pela notícia da revolução.Com imagens inéditas captadas por Aurélio Santos nos dias que se seguiram ao golpe militar, incluindo registros únicos da ocupação popular das instalações da PIDE em Coimbra, o documentário tece uma narrativa íntima e poderosa que entrelaça a grande História com as pequenas histórias do dia-a-dia, preservando a memória viva da revolução através do olhar feminino. O filme é apresentado na Casa do Cinema de Coimbra, no dia 16 de novembro, às 14h30.



Seleção Caminhos



Três filmes qe abordam a temática do 25 de Abril estão integrados na seleção competitiva Caminhos, com apresentação no Teatro Académico de Gil Vicente, no dia 18 de novembro, segunda-feira, às 17h00, de «À Mesa da Unidade Popular» (Isabel Noronha, Camilo de Sousa, 85’, PRT, 2024) e à noite, às 21h30, «Sempre» (Luciana Fina, 109’, PRT, 2024). Também no TAGV, passa a 22 de novembro, sexta-feira, às 17h00, «Por Ti, Portugal, Eu Juro!».



O olhar de lá



Durante a Guerra Colonial Portuguesa, milhares de africanos lutaram ao lado das Forças Armadas Portuguesas e arriscaram suas vidas por uma pátria que acreditavam ser sua. Mas, após a Revolução dos Cravos, eles foram deixados para trás. Perseguidos e mortos, os Comandos Africanos da Guiné Portuguesa sofreram o pior do abandono de Portugal. Quase 50 anos depois, os Comandos guineenses sobreviventes contam a sua história pela primeira vez, em «Por Ti, Portugal, Eu Juro!». Não temem mais represálias, nem têm medo de falar. Querem que seus nomes sejam lembrados. E querem que os direitos que conquistaram no campo de batalha sejam honrados.



No documentário de Isabel Noronha e Camilo de Sousa, «À Mesa da Unidade Popular» recupera-se a pretensão do Estado moçambicano, no período pós-Independência socialista, de atribuir a todas as famílias a Mobília da Unidade Popular, com as suas seis cadeiras. Um conceito que reunia a ideia socialista de igualdade, bem-estar e justiça social com o conceito de Unidade Nacional, pressuposto básico da Frelimo para a Independência e desenvolvimento harmonioso do País. Essa Mesa da Unidade Popular voltou a ser, neste filme, o lugar onde convergiram histórias, memórias e testemunhos, onde se voltou a estar para revisitar o processo de construção de uma Nação e da utopia partilhada da construção de uma sociedade mais justa. Cada um com a sua identidade e sua cultura, a sua forma única e diversa de ser moçambicano.



50 anos depois



Em «Sempre», Luciana Fina revisita, 50 anos depois, as imagens da Revolução dos Cravos em Portugal, reconsiderando a transição do fascismo para a libertação e o processo de construção de um novo país, para a sua emancipação e o seu futuro. É um tributo ao cinema que interferiu na história e que restitui hoje a hipótese de um momento extraordinário. O filme atravessa a asfixia do salazarismo e da PIDE, as ocupações estudantis de 1969, o Movimento das Forças Armadas de 1974, os sonhos, programas e perspetivas do PREC, o «Verão Quente» e a descolonização.