Últimos dias da exposição «A Fábrica das Sombras»

O programa de encerramento de A Fábrica das Sombras tem o seu ponto alto a 5 de julho, com uma festa de finissage que começa às 19h00. Propõe-se uma sardinhada ao ar livre (menu com caldo verde, sardinhas ou opção vegetariana, broa e salada; 10€, sem bebida; reservas até 3 de julho neste formulário tinyurl.com/FinissageAnozero. Com curadoria do Jazz ao Centro Clube, às 20h30 inicia-se um percurso pelo espaço do Mosteiro que inclui performances de Cláudio Vidal e a artista e investigadora Ece Canlı, que apresentará o seu novo álbum S A C R O S U N — um exercício de composição vocal e paisagismo sonoro que atravessa cosmos imaginários e texturas subterrâneas. A noite prolonga-se com o DJ set de David Rodrigues, a partir das 23h00.
Durante a tarde do mesmo dia, terão lugar duas visitas mediadas à exposição, às 14h30 e às 16h00, proporcionando uma oportunidade única para uma aproximação guiada à obra de Janet Cardiff & George Bures Miller e ao diálogo íntimo que ela estabelece com a arquitetura e a história do mosteiro. Entre as 14h30 e as 17h30, o encenador Marco Paiva orienta o workshop “Artistas, coletivos e territórios”, propondo uma reflexão prática sobre criação artística situada e envolvimento com a comunidade (5€, mediante inscrição em http://bit.ly/Anozero25ProgramaEducativo).
O dia 6 de julho, data oficial de encerramento da exposição, será assinalado com a presença de representantes das três entidades que organizam o Anozero – Bienal de Coimbra: Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e Universidade de Coimbra. Esta presença sublinha o compromisso conjunto na preservação, ativação e reflexão contínua sobre o património, o território e a criação contemporânea.
Este não foi, porém, um cenário neutro. Numa carta aberta, Janet Cardiff descreveu o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova como «um lugar onde a história respira através das pedras em ruína, onde o chão sussurra séculos e as paredes carregam o peso da devoção e do tempo». E acrescentou: «Este não é simplesmente mais um edifício antigo. É um arquivo vivo de cultura, memória e espírito.» Para Janet Cardiff & Georges Bures Miller, a exposição em Coimbra foi também um gesto de escuta e ressonância com a energia latente do edifício, e uma declaração pública da importância de preservar e ativar este património enquanto lugar de criação — mas como território vivo, acessível e transformador.
Desde 2015, o Anozero – Bienal de Coimbra tem afirmado a cidade como um ponto nevrálgico da arte contemporânea, através de exposições e programas em espaços de elevada carga simbólica. A Bienal nasce da colaboração entre o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra, tendo como momento fundador a classificação da Universidade, Alta e Sofia como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 2013.
Estes últimos dias de A Fábrica das Sombras encerram uma exposição que, ao longo de três meses, ativou o Mosteiro como espaço de contemplação, escuta profunda e interrogação do presente através das esculturas do som. Obras como The Infinity Machine ou The Forty Part Motet, instaladas entre paredes marcadas pela história, tocaram milhares de visitantes num ambiente onde arte e arquitetura se fundiram de forma rara. A despedida é, assim, mais do que o fim de uma mostra: é um convite a celebrar o poder transformador da arte num dos espaços patrimoniais mais singulares do país.
Este solo show do Anozero – Bienal de Coimbra tem sido uma rara ocasião para o público experienciar a singularidade de uma dupla que, com os seus ambientes sonoros imersivos, ocupa um lugar central no panorama da arte contemporânea internacional. Pela primeira vez em apresentação individual em Portugal, os artistas canadianos transformaram o Mosteiro num espaço vibrante de escuta, memória e presença sensorial.