Mulheres que esperam
Quatro mulheres aguardam o regresso dos seus maridos numa aldeia junto a um lago. Para passar o tempo, falam sobre as suas vidas privadas. A primeira conta a história de como ela e o marido estão juntos depois de uma separação, que envolveu um amante e uma ameaça de suicídio. A segunda fala de um romance parisiense, de um filho, e de como acabou por casar com o homem que lhe fez a corte. A terceira faz saber como uma noite em que ficou presa num elevador com o marido lhes salvou o casamento. A quarta escapa-se e foge com um amante enquanto as outras três terminam os seus relatos.
Nenhuma outra arte – nem a pintura nem a poesia – conseguem comunicar a qualidade específica dos sonhos tão bem quanto o cinema. Quando as luzes se apagam numa sala de cinema e aquele ponto de luz branca se abre para nós, o nosso olhar pára, instala-se e torna-se bastante estável. Sentamo-nos apenas ali, deixando que as imagens fluam sobre nós. A nossa vontade cessa. Perdemos a capacidade de resolver as coisas e de colocá-las nos seus devidos lugares. Somos arrastados para uma sequência de eventos – somos participantes de um sonho. E criar sonhos… aí está um trabalho sumarento.
— Ingmar Bergman