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A Flor do Pensamento. Ensaios Foto-Poéticos de João Maria André e Seus Amigos e Amigas

Sinto-me feliz por poder ver o mundo e o tempo com muitos olhos. Mais do que os dois a partir dos quais se forma habitualmente a minha visão. Por isso, quando amigas ou amigos partilham comigo pedaços do real recortados pelo seu olhar, gosto de me demorar nessas imagens, escutando o que me dizem pela mediação de quem mas oferece, espantando-me com o que me mostram, adivinhando o que por vezes ocultam, dialogando com o seu sentido e descobrindo outros mundos nos mundos que revelam. É nesse processo de partilha sensível da aventura da vida, nessa cumplicidade de emoções e afetos, na presença e nas modulações da energia que assim nos envolve e na plenitude do seu silêncio tocando-me o corpo e a alma que me acodem palavras, rente à pele, fluindo pelos dedos à procura da luz em que respiram e dançam a eternidade do instante. E dessa relação de amor e estranhamento entre as palavras e as imagens nasce a flor do pensamento de que estes onze ensaios foto-poéticos são uma despretensiosa amostra. 


Foi uma aventura que começou há muitos anos com o Paulo Abrantes, quando construímos juntos a série a que chamámos “A pele dos anjos”. Continuou depois, de uma maneira mais intensa e prolongada, sobretudo durante o confinamento da pandemia, com a Elsa Margarida Rodrigues. E foi-se estendendo, entretanto, a outras amigas, cúmplices e interlocutoras que quiseram, em momentos mais ocasionais, partilhar comigo os seus modos de ver, sentir e pensar fragmentos do mundo e da vida, como a Isabel Calado, a Cândida Ferreira, a Joana Brites e a Mafalda Pires da Silva. Completa este conjunto um ensaio em que o ponto de partida é um motivo que eu próprio fotografei e a que colei os versos que o meu desdobramento em mim gerou. 


Os temas destes ensaios são algumas constantes do meu sentir e do meu pensar: a poesia, a filosofia, a luz, a sombra, a arte, o amor, o tempo, o mar, a vida, a metamorfose e a esperança. Os estilos poéticos são muito diversificados, respondendo à especificidade das fotografias com que dialogam. E gostaria que estas imagens com as minhas palavras fossem apenas o princípio de um processo em que, por dentro daqueles que as olharem, escutarem e sentirem, surjam novos jardins em que se acendam outras flores do pensamento. — João Maria André


 


Após a abertura da exposição, dia 11 de julho às 18h30, que conta com as participações de Inesa Markava e da Cooperativa Bonifrates, será igualmente apresentada a publicação Concordância e Diferença. LIBER AMICORUM para João Maria André. 


Concordância e Diferença festeja a vida ativa do filósofo João Maria André, acolhendo testemunhos e gestos de quem o conhece, admira e com quem ele privou ao longo de muitos anos de viva amizade. É convicção de todas as autoras e autores, reunidos em torno deste volume de agradecimento, que, ao longo destas páginas ressoa, numa abrangente tematização, a escuta, a hospitalidade e a capacidade reflexiva de que João Maria André sempre nos deu entusiasmante testemunho.