La foresta trabocca - Antonio Tagliarini

La foresta trabocca (A Floresta Transborda) - título retirado do mais recente romance da jovem escritora japonesa Maru Ayase - explora um fluxo somático, no qual o corpo se reorganiza e investiga outros modos de existência, até ao limiar da transformação. A dança, em íntima relação com o som ao vivo, expõe-se a possíveis interrupções, interferências, traições e acontecimentos inesperados: um hino ao corpsing. Como numa floresta, como
num jogo, o corpo do intérprete move-se por tentativa e erro, reposicionando-se, avançando por fragmentos, reorganizando formas e pensamentos no gesto simples, mas subversivo, de atravessar e ser atravessado. A estrutura dramatúrgica da obra apoia-se nas reflexões do teórico queer Jack Halberstam sobre o conceito de fracasso, que nos guiam pelo mundo povoado de perdedores e oferecem uma nova visão, na qual perder-se, esquecer e ser esquecido, ser indisciplinado e improdutivo se revela como estratégias possíveis para existir no mundo. Antonio Tagliarini questiona-se, aceita desvios e abre a discussão através de uma série de questões que também circulam entre o público e o intérprete, produzindo um ecossistema material e complexo de respostas e incontáveis interações.
O conceito de praticar o fracasso talvez nos leve a descobrir o nosso "inner dweeb”, a sermos subestimados, a falhar, a distrair-nos, a tomar desvios, a encontrar limites, a perder-nos, a esquecer, a evitar a perfeição e, com Walter Benjamin, a reconhecer que "a empatia com o vencedor beneficia invariavelmente os governantes”. Todos os perdedores são herdeiros daqueles que perderam antes deles. O fracasso gosta de companhia.
Antonio Tagliarini é criador, performer e encenador. O seu primeiro amor, e consequentemente a sua formação, são a performance e a dança contemporânea, que marcam profundamente a sua relação com a arte de palco. Só mais tarde começa a estudar e a aprofundar a arte mais estritamente teatral.
É autor e intérprete de diversos espetáculos e performances apresentados em muitos festivais italianos e internacionais (Alemanha, França, Suíça, Portugal, Espanha, Coreia do Sul, Grã-Bretanha, Brasil). O seu último trabalho, La foresta trabocca, estreou em novembro de 2024 na Triennale Teatro Milano.
Houve também encontros importantes com alguns artistas (entre os quais Miguel Pereira, Idoia Zabaleta, Ambra Senatore, Jaime Conde Salazar e Filipe Viegas, Gaia Ginevra Giorgi), com quem partilha projetos de criação e experimentação artística.
Em 2007 inicia uma intensa colaboração artística com Daria Defl orian, com quem funda a companhia Defl orian/Tagliarini. Em 2023, o duo decide separar-se. A companhia recebeu vários prémios, entre os quais: Prémio Hystrio de Dramaturgia (2021); Prémio Riccione para Inovação Dramaturǵica (2019); Prémio Quebec/Canadá de Melhor Espetáculo Estrangeiro (2015); Prémio UBU para Melhor Novidade Dramaturǵica (2014).
Espetáculo em italiano, com legendas em português.
Programação integrada no Festival Linha de Fuga - Festival e Laboratório Internacional de Artes Performativas. De 6 a 29 de Novembro de 2025, Linha de Fuga apresenta uma programação de espetáculos, performances, conversas e workshops que propõe explorar a "Performatividade da Amizade” como forma de resistência e construção de coletivo. Programação total disponível em www.linhadefuga.pt
Ficha Artística/Técnica
Projeto de: Antonio Tagliarini
Interpretação: Antonio Tagliarini e Gaia Ginevra
Colaboração artística: Gaia Ginevra Giorgi
Som: Emanuele Pontecorvo
Luz: Elena Vastano
Figurinos: Matteo Brizio
Co-produção: INDEX, Triennale Milano Teatro, Ass. Cult. A.D
Residências de criação: Triennale Milano Teatro, Spazio Matta
Apoios: Casa degli Artisti di Milano, centro de residência e produção
INDEX: Valentina Bertolino, Francesco Di Stefano, Silvia Parlani
Subsidiado por: MiC – Ministero della Cultura
Fotografia de palco: Lorenza Daverio, Giorgio Termini